LUIZ FERNANDO GRIJÓ – PALAVRAS QUE TOCAM A ALMA

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Progresso de leitura

Palavras que tocam a alma – Luiz Fernando

Nascido em 1963 em Campo Grande (MS), LUIZ FERNANDO GRIJÓ é engenheiro civil, atuante na área de infraestrutura urbana. Casado e pai de dois filhos, abraçou o Espiritismo após conhecer O livro dos Espíritos. Médium, no exercício da psicografia viu-se agraciado por mensagens reconfortantes, agora reunidas no livro Palavras que tocam a alma, com textos assinados por espíritos diversos.

Conheça mais sobre o autor e sua obra:

Gostaríamos de começar pedindo que você se apresente aos nossos leitores e conte um pouco da sua trajetória pessoal.

Nasci em berço católico. Meu pai exerceu a profissão de militar do Exército Brasileiro e minha mãe na função de pedagoga. Uma família de quatro irmãos. Com relação a família que formei após um casamento de 33 anos, posso seguramente afirmar que é um lugar onde o céu se faz terra. Nossos filhos, Lucas e Isadora, são verdadeiros Tesouros que Deus nos concedeu. E à minha esposa Denise fica a minha eterna gratidão e o meu coração.

Em 1988, O Livro dos Espíritos chegou à sua vida, marcando um ponto de virada importante. Poderia nos contar como esse presente influenciou sua busca por respostas existenciais e o seu caminho espiritual?

Foi um verdadeiro marco em minha vida. Ganhei de presente de uma amiga de serviço. Li avidamente e diante de tamanha lógica e esplendorosa didática de Kardec, concluí: — É isso mesmo. Daí para adentrar a casa espírita foi um breve passo.

Você nasceu em Campo Grande, formou-se engenheiro civil e atua na área de infraestrutura urbana. Como foi conciliar a vida profissional, a espiritualidade e a mediunidade ao longo dos anos?

Houve época em que os compromissos profissionais exigiram além do tempo normal de nossas obrigações profissionais. Lembro-me que certa vez, em visita a Casa de Chico Xavier, ele contou que trabalhou durante 30 anos na Fazenda Modelo administrada pelo Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, sendo que, muitas vezes, necessitava acompanhar o seu chefe nas exposições de gado. Contou- nos que, após o jantar, quando seu chefe se recolhia para o devido repouso, ele começava seu trabalho de psicografia. Ele assim nos disse: — Eu recebia, corrigia e depois datilografava as mensagens. Só então, eu ia dormir. Após breve pausa, finalizou.

— Eu não falei para você Luiz, que é possível ser médium e ser profissional? Agora eu deixo o trabalho para vocês que são jovens.

Foi para mim, uma grande lição.

Por falar em Chico Xavier, você teve a oportunidade marcante de conhecê-lo em 1993 – e até estreitou laços de amizade com ele. Como foi esse encontro? Quem foi que abriu esse acesso até o médium?

Desde jovem, guardava a imensa vontade e a certeza de que, um dia, haveria de conhecê-lo. Concluí a Universidade, comecei minhas atividades profissionais e ingressei as fileiras de trabalho na doutrina espírita. Conheci o casal Carlos Sanches e sua esposa Elizabeth. Embora soubesse que não é porque iriamos fazer uma viagem até Uberaba em sua companhia nos daria a certeza de que teríamos acesso à Casa de Chico Xavier. Naquela época, Chico não estava podendo participar das reuniões no Grupo Espírita da Prece, em virtude dos impeditivos de saúde. Chegando lá, para meu espanto, haviam muitas pessoas, aglomeradas em torno do portão de sua residência. Nossos amigos conseguiram o acesso, mas nós, momentaneamente, não adentramos. Oramos e pedimos aos amigos espirituais a oportunidade de conhecê-lo. Quando nossos amigos saíram por volta das 22:00 h, o Dr. Eurípedes, num gesto de generosidade, permitiu a nossa entrada.

De que maneira as orientações de Chico impactaram a sua mediunidade e o seu trabalho espiritual?

Estando na primeira ida à cidade, no Lar André Luiz, aguardávamos seu Joubert Soares, pois caridosamente se prontificou a mostrar o centro. Nesse momento de espera, ao contemplar o muro da Casa de Chico, ouvi mentalmente Emmanuel dizer: — Vocês ainda têm muito que aprender aqui em Uberaba. No entanto, jamais poderia imaginar que as visitas alcançariam à proporção que tomou. Ao desfrutar de sua amizade, a cada dia, nossas convicções e senso de responsabilidade perante a doutrina floresceu em nossos corações.

Convivendo com o Chico e os seus amigos próximos e cuidadores, tem alguma coisa para relatar de interessante?

Tive a oportunidade conhecer alguns nomes bem conhecidos do meio espírita. Todos eles contribuíram e continuam a acrescentar para mim um verdadeiro oásis de conhecimento, pois suas atitudes são exemplos que, tenho certeza, são inspirados pelo longo tempo de proximidade com o nosso querido Chico Xavier.

Inspirado pela sua vivência em Uberaba, você iniciou um trabalho assistencial de distribuição de pães, que mantém até hoje. Como esse trabalho transformou a sua vida e qual a importância dele ao próximo dentro da sua visão espírita? Além do pão o que mais vocês distribuem: abraços, palavras, livros, mensagens, passes etc.?

Assim que retornei da primeira viagem a Uberaba, procurei iniciar um humilde trabalho assistencial nos mesmos moldes do que era realizado por Chico e sua equipe de colaboradores, guardadas as devidas proporções de assistidos. A nós, somam-se companheiros, oriundos de outras casas espíritas, mas todos com o mesmo propósito de servir a necessidade.

No exercício da psicografia, você recebeu mensagens reconfortantes que, inicialmente, foram compartilhadas na Casa Espírita Vale da Esperança e, atualmente, no Grupo Espírita Recanto da Prece Eurípedes Barsanulfo. Como é a sua experiência com a psicografia?

Antes de tudo, foi preciso vencer a nossa própria dúvida. Pelo fato de não a exercer de forma inconsciente – exceto uma vez –, o que me causou muita estranheza, em virtude da necessidade de se ausentar do corpo físico. Normalmente costumo ouvir em processo semelhante a um ditado e dessa forma, transcrevo para o papel as impressões. Adentro as reuniões sem nenhum pensamento pré-concebido e diante do papel respiro pausadamente e entrego a inspiração, que porventura me alcança.

Você confia muito na proteção divina e na habitualidade da prece, tem algo interessante para contar aos nossos leitores?

Como de costume após o casamento, adotamos um filhote de Pastor Alemão (Tila). Aos seis meses a mesma teve que ser internada porque contraiu a doença parvovirose que, na época, não tinha cura. No dia seguinte, o Dr. Francisco, experiente e dedicado profissional, solicita nossa presença em sua clínica. Para nossa surpresa, ele nos colocou em uma sala e perguntou sobre o que havia acontecido na noite anterior quando ficamos sozinhos com o nosso pet. Após muita insistência, disse a ele que havia pedido pela interseção de Francisco de Assis em favor de nossa menina. Ele saiu da sala e nos trouxe ela e disse: Podem levar para casa, ela está curada.

Como nasceu em você a ideia de organizar essas “pérolas” de orientação espiritual em Palavras que tocam a alma? De onde veio a inspiração para reunir essas mensagens tão breves e, ao mesmo tempo, poderosas?

Após a orientação prestimosa e o incentivo do nosso querido amigo e benfeitor Chico Xavier, transcrevi para o computador, ao longo desses anos, sem muitas pretensões de vir a se tornar um livro, pois, sinceramente, me julgo incapaz de idealizar um projeto dessa natureza. Silenciosamente e na obediência que devo guardar, recentemente recebi a visita espiritual de nosso Benfeitor André Luiz, solicitando a providência de organizar o livro, pois ele havia obtido a concessão para a sua publicação.

Algumas das mensagens em Palavras que tocam a alma estão assinadas por espíritos já consagrados na obra de Chico Xavier, o que pode despertar dúvidas em quem as lê.

Com muita naturalidade. Eu mesmo, durante muito tempo, tive muitas dúvidas. Olhava para minha condição interior e questionava de sua veracidade.

Uma vez estando visitando D. Heigorina Cunha, sobrinha de Eurípedes Barsanulfo em Sacramento (MG), ao retornarmos após a reunião no Centro, acompanhei nossa Benfeitora até a sua casa. Na minha cabeça um pensamento formou uma indagação:  — O que a espiritualidade superior poderia esperar de mim, se não consigo guardar a disciplina como deveria e sou tão imperfeito?

  1. Heigorina, fez uma breve pausa em sua caminhada, e começou a contar-nos uma história.

— Certa vez, estava caminhando por esse caminho e veio um vento muito forte. As árvores balançaram e caiu uma folha a nossa frente. Pensei por um momento: —Essa folha, não pertence ao meu jardim. Veio trazida de muito longe pelo vento. Pedi a amiga que me acompanhava para pegar a folha para mim. Quando a tive em minhas mãos a escutei dizendo: — Sei que sou uma folha seca e quase sem vida, mas ainda tenho a minha utilidade. Posso servir de forro para o ninho do beija-flor.

Essa foi uma das lições mais lindas que tive em minha vida.

Você acredita que a publicação deste seu livro pode ajudar os leitores na busca por se tornarem “Homens de Bem” e promover melhorias na sociedade. Como você enxerga essa missão da literatura espírita nos dias de hoje?

Sim, perfeitamente. Ao longo do tempo em que eu recebia as mensagens compreendi que elas eram um estímulo para que eu pudesse olhar para mim mesmo e perceber que todos nós somos os necessitados do amanhã. Se conseguirmos a nossa melhora íntima contribuiremos, sem sobra de dúvidas, para a construção de um mundo melhor, iniciando a mudança pelo entorno que se encontra ao nosso alcance.

Por fim, que mensagem você gostaria de deixar aos nossos leitores que estão em busca de autoconhecimento, espiritualidade e uma vida mais plena?

Não desperdicem seu tempo. A reencarnação é dom divino que devemos valorizar e agradecer a Deus pela oportunidade da matrícula no curso intensivo do viver. E para isso, fico com a frase de André Luiz, materializada na terra pela psicografia abençoada de Chico Xavier, quando nos aconselha: “Guarde otimismo com tamanha elevação, de tal forma, que os contratempos da vida, não lhe venha a ferir.”