WILSON CZERSKI nasceu em 1955, em Ponta Grossa (PR). Militar aposentado da Aeronáutica e formado em administração de empresas. É casado e tem três filhos.
Especialista em meteorologia, administrador de empresas e microempresário, Wilson tornou-se espírita em 1977. Participante ativo do movimento espírita, iniciou como colunista no jornal O Paraná. Fundou a Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná (ADE-PR) e foi diretor de parcerias da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (ABRADE).
É editor e articulista do jornal Ação Espírita, participa do programa “Espiritismo na TV” e realiza palestras. Além desta obra, publicou dois livros espíritas e dois não espíritas. Pela EME, lançou Destino: determinismo ou livre-arbítrio?.
Nesta entrevista, Wilson nos fala sobre seu livro Admirável mundo em que vivemos, confira:
Qual sua motivação para escrever Admirável mundo em que vivemos? Qual objetivo desta obra?
Como articulista de vários periódicos espíritas e leigos, ao longo de quatro décadas completadas no dia 19 de junho, quando estreei uma coluna no jornal “O Paraná”, de Cascavel-PR, sempre tive a preocupação de analisar os acontecimentos do dia a dia das pessoas sob o prisma do conhecimento espírita. Toda forma de divulgação da Doutrina Espírita, dentro dos padrões éticos e que respeitem os conteúdos da Codificação, são muito importantes. Entretanto, não consigo desvincular a veiculação doutrinária teórica das conexões com o lado prático. O objetivo do livro é fornecer ao leitor ferramentas analíticas presentes no Espiritismo capazes de explicar racionalmente uma enorme gama de problemas que afetam a vida das pessoas.
Faça um resumo do que os leitores encontrarão neste livro.
O livro está dividido em nove capítulos e 49 tópicos, começando pela vida em e do nosso planeta e as perspectivas de vida inteligente em outros mundos do Cosmo. Falo da trajetória do “átomo ao arcanjo”, do papel da dor e das paixões em nossas vidas. Outro capítulo é dedicado à saúde que considero talvez a coisa mais importante na vida dos indivíduos. Ali faço considerações especiais sobre a eutanásia. Sexualidade é o assunto seguinte. Destaque para o avanço da legislação que permite a interrupção voluntária da gravidez e os bebês anencéfalos.
A grande preocupação de Allan Kardec estava na educação. Costumo adaptar uma máxima espírita para afirmar que fora dela, a educação, não há salvação. Trato dela com preocupação especial do que oferecemos – ou deixamos de oferecer – à nossa juventude atual. Contemplei também religião e política, inclusive, as manifestações nas ruas. Afinal, o espírita só pode ou deve participar delas?
Dinheiro é outro problema sério em nossas vidas. Dizem até que ele não é problema, mas solução. Pois é problema quando não se tem e também quando se tem. Como equilibrar o seu uso? No penúltimo capítulo abordo problemas sociais diversos: exemplos de humildade em figuras reais; a fome no mundo, os serial killers. E, por fim, o meu tema predileto que são as questões envolvendo o destino e o livre-arbítrio num ligeiro retrospecto e novos casos após a publicação do meu livro anterior pela EME Destino: determinismo ou livre-arbítrio?.
Como a doutrina espírita pode contribuir para tantos conflitos que assolam o mundo? E como podemos participar dessa transformação e fazer a diferença no círculo em que vivemos?
Em geral o progresso intelectual antecede o moral. Esclarecendo gradualmente os homens sobre os grandes problemas da existência como sua origem, natureza, objetivo da vida material e sua destinação, espera-se que o passo seguinte seja uma ação consciente de um número crescente de indivíduos no sentido de construção da felicidade social a partir de uma postura que contemple o trilhar não só pelo desenvolvimento de virtudes próprias, mas da inclusão do outro pela união, tolerância e solidariedade.
A Terra já chegou ao seu “tempo de transição”? E o que seria esse “tempo”? Existem indícios, exemplos práticos, de que esta transição está se operando?
A Terra está, sim, já numa fase de transição. Os sinais são muitos, basta “olhar com os olhos que veem”. Mas não podemos, ainda, especular sobre o quanto ela vai durar e pormenores das vicissitudes com que teremos de nos defrontar. Penso que os indícios estão tanto em fatos isolados como no panorama geral. Aliás, prefiro ficar com esta última. É o mentor Emmanuel que compra as experiências que o nosso mundo está passando a uma casa em reforma. Muitos acontecimentos nefastos em nada diferem do que a humanidade já experimentou em outras épocas. O detalhe está no aspecto moral que parece retroceder lamentavelmente de um lado, porém, em outro, nos faz manter a certeza de que estamos andando para frente e não para trás.
Quais serão as consequências para os espíritos que não acompanharem as transformações do planeta?
Compartilho da opinião de muitos espíritos e espíritas de que, sendo como são e agindo como agem, não restará outra alternativa, não mais por livre escolha, mas por imposição divina, de que esses irmãos recalcitrantes sejam recambiados aos poucos para mundos mais primitivos onde poderão, sob o aguilhão da dor, recomeçar e dar novo impulso à sua evolução.
A transição não seria diária, sem data prévia para começar e tão pouco para terminar, uma vez que, desde a criação do nosso espírito estamos num processo evolutivo constante, instável, que muitos chamam de reforma íntima?
De certa forma é isso mesmo o que acontece. Porém, não podemos nos esquecer do ensinamento dos Espíritos quando afirmam que o progresso, de tempos em tempos, se faz por força de impulsos outros como “um abalo físico ou moral”. No momento estão ocorrendo as duas coisas simultaneamente.
Mesmo os espíritos que se esforçam para realizar a reforma íntima, correm o risco de ser exilados e não encarnar mais na Terra após a transição do planeta?
A possibilidade de fracasso faz parte de qualquer empreitada humana e não é determinante neste caso. O que sabemos é que o exílio só está previsto para aqueles espíritos que ‘estão no mal’ e se comprazem nele, isto é, não querem mudar. Devido a sua contribuição para o aumento do grau de perturbação em nosso planeta é que eles seriam intimados a abandoná-lo para ir viver em outros menos qualificados.
Muitas pessoas confundem a ideia da transição com o dogma do juízo final. Como explicar esta diferença?
O estudo do Espiritismo demonstra-nos que a ideia de um Juízo Final é incompatível com as leis de Deus, até de uma maneira óbvia. O conceito de um Deus perfeitamente justo, mas ao mesmo tempo infinitamente bom e misericordioso, não contempla a ideia de julgamentos definitivos sem oportunizar que cada criatura possa corrigir, desfazer os equívocos, sejam lá quais forem e seguir em frente em busca da felicidade para a qual foram criados. Transformações como a de que estamos falando estão previstas na lei de progresso que é infinito, o que não poderia acontecer com um Juízo Final.
Por que até mesmo alguns espíritas acreditam e temem o juízo final? O sentimento de culpa pode ser a causa deste medo?
Sinceramente, desconheço esse tipo de situação. Mas se existe é, ainda uma vez, por falta de aprofundamento dos ensinamentos espíritas. São inúmeras as citações diretas a respeito, bem como o estudo geral também não deixa dúvida de que tal não faz sentido algum.
O espírita deve acreditar/temer o fim do mundo? Por quê?
Outra bobagem. Em primeiro lugar, de que mundo estamos falando? Do nosso atual? É até possível em algum momento. Afinal, tudo está em constante transformação. Novas galáxias, nebulosas, sistemas planetários estão surgindo o tempo todo. E decerto, desaparecendo também. Mas isso tudo é matéria e energia em constante mutação. Mas nós somos espíritos e como tal, imortais. Ou acreditamos nessa informação ou perde todo o sentido nos intitularmos espíritas, não é mesmo?
E que mensagem deixaria aos nossos leitores?
Que aproveitemos ao máximo cada dia da nossa existência, desta oportunidade valiosíssima de estarmos aqui neste “Admirável mundo em que vivemos”. Com todas as suas mazelas, a Terra, porque belo e acolhedor, apenas padece do mal de abrigar seres ainda muito imperfeitos que desrespeitam o próprio lar e não respeitam sequer a si mesmos. Temos que enfrentar os problemas humanos enquanto humanos sem perder de vista o espírito. O mundo não vai melhorar enquanto não nos melhorarmos e, principalmente, se nós não trabalharmos para melhorá-lo. Não é tarefa de Deus fazer isso. A responsabilidade é nossa. Deus nos traçou um destino ao nos criar: evoluir e ser feliz. Mas só chegaremos lá se fizermos a parte que nos compete. Mãos à obra, portanto!
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