OS POETAS E AS PROFUNDEZAS DE SUAS ALMAS

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Progresso de leitura

E há tantas vidas como a meia-noite.

Rodrigues de Abreu

Rodrigues de Abreu, poeta capivariano nascido em 27 de setembro de 1897, é autor dos livros Noturnos e outros poemas, A Sala dos Passos Perdidos e Casa Destelhada. Faleceu aos 30 anos de idade, em 24/11/1927, vítima de tuberculose, na cidade de Bauru (SP).

Isso boa parte dos leitores já sabe.

Vou fazer uma comparação da morte de dois jovens e das provas que produziram para alimentar a fé e a confiança na imortalidade da alma e na espiritualidade.

Rodrigues de Abreu  faleceu jovem, como Jesus, que não envelheceu, pois desencarnou aos 33 anos e voltou para conversar com os seus discípulos e incentivá-los no caminho do bem e da fraternidade. E também mostrar que podem nos destruir o corpo, mas jamais nosso espírito.

Vítima de uma enfermidade (tísica), sem cura naquela ocasião (semelhante ao vírus HIV, ou ao início da Covid-19, em que não se tinha remédio), o poeta Rodrigues de Abreu também voltou para conversar com os brasileiros.

Sim, ele escreveu dois poemas que estão no primeiro livro do médium Chico Xavier, Parnaso de Além-Túmulo, de títulos No Castelo Encantado e Vite, Senhor!, onde descreve seus anseios juvenis, o desejo de sucesso e a doença que fez com que ele, através da dor, encontrasse o Senhor: “E entendi-te, Senhor / Nas tuas maravilhas de beleza / Quando te vi na paz da Natureza / Curando-me com a Dor”.

Grandeza de ideias

O poeta espírito escreveu outras diversas poesias que constam nas obras de Francisco Cândido Xavier, repetindo sua mensagem de crença na imortalidade da alma e também na reencarnação, com o fim de nos confortar e mostrar que morte é um primeiro de abril: ninguém morre, o corpo volta de onde veio e o espírito retorna ao seio de Deus – o mundo dos espíritos.

Eu, acompanhado de alguns amigos espíritas de Capivari e Rafard, estive em Uberaba (MG), entrevistando e solicitando a Chico Xavier a publicação de um livro com as poesias do Rodrigues de Abreu. E o médium confirmou que tinha muitas, mas que precisava junto com o autor espiritual rever para depois poder lançar.

Humilde e pobre, Rodrigues de Abreu foi muito comentado em sua época pela grandeza de suas ideias e pela beleza de seus poemas. O escritor Menotti Del Picchia assim se expressou sobre ele: “é um dos maiores poetas brasileiros. Almas puras e grandes assim resgatam as culpas espirituais de um povo. Abreu é o Cristo da nova geração”.

Mário Quintana, Ayrton Senna e a reencarnação

A teoria da reencarnação é tão antiga quanto os povos e está espalhada na humanidade, contando bilhões de pessoas que a aceitam e nela creem.

O escritor gaúcho Mário Quintana desencarnou no dia primeiro de maio de 1994. O que ficou no esquecimento, porque o povo chorava neste mesmo dia a morte trágica do piloto Ayrton Senna. E como Quintana acreditava, como Rodrigues de Abreu, que o espírito é que comanda o corpo, que é uma veste temporária da alma, mandou que se colocasse em seu túmulo essa frase: “Eu não estou aqui”.

Para nós, cristãos, negar a reencarnação é negar propriamente os ensinamentos de Jesus, que era reencarnacionista. Na Bíblia, em João 3:1-21, Jesus fala para Nicodemos, um doutor fariseu, que para ver o Reino de Deus “é preciso nascer de novo”.

Refletir é necessário: não somos daqui, e devemos cultivar coisas belas. Motivo para lembrarmos que todas as coisas que saem de nós voltam para nós. Por isso, não devemos nos preocupar com o que vamos receber. Melhor nos preocupar com o que vamos oferecer e deixar.

ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO, diretor da Gráfica e Editora EME