APRENDENDO A TRANSFORMAR O ÓDIO EM COMPAIXÃO

COMPAIXÃO

Progresso de leitura

Eles tinham o poder de me jogar na câmara de gás, eu não tinha qualquer controle sobre isso. Mas eu tinha poder sobre escolher sentir compadecimento deles.

Edith Eger

Alimentamos nosso corpo para sobreviver, para cuidar dele praticamos exercícios. E nossa alma, como cuidamos dela?

Você sabe que sua mente reage de acordo com o alimento que recebe.

Quais pensamentos têm alimentado nosso espírito? Fé, confiança em Deus, otimismo, trabalho, estudo, alegria, perdão?

Será que procuramos viver sobriamente do corpo e da alma?

O passado é irrecuperável, não é possível voltar atrás e refazê-lo, mas podemos semear no presente para fazer um futuro melhor.

Pensemos juntos: qual é a mágoa, preocupação ou dor que você anda revivendo e fazendo com que velhas feridas voltem a sangrar?

Você não consegue perdoar quem te magoou? Quantas oportunidades você anda deixando para trás por estar amarrado ao passado?

Desligue-se do passado e escolha ser feliz no presente. Desarme-se dos ressentimentos, ódios e medos, substituindo-os por sentimentos fraternos, como aceitação da vida, perdão e amor.

Robert Muller, advogado e diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), depois de muitos anos de atividade aprendeu que “perdoar é libertar o prisioneiro… e descobrir que o prisioneiro era você”.

Nosso verdadeiro inimigo é a ignorância, diz Edith Eger, que sobreviveu a Auschwitz e ofereceu tratamento psicológico a veteranos de guerra que lutaram no Vietnã; ela fala sobre alcançar o perdão após a raiva.

Em uma entrevista¹, ela conta que não aprendeu as coisas só nos livros. Aprendeu a transformar o ódio em compaixão vivenciando. Conta a psicóloga: “comecei a sentir pena dos guardas e assim a não os deixar assassinar meu espírito. Eles tinham o poder de me jogar na câmara de gás, eu não tinha qualquer controle sobre isso. Mas eu tinha poder sobre escolher sentir compadecimento deles”. E confessa: “Até rezar por eles, sim, eu rezei pelo doutor Mengele”.

Somos pessoas em perigo quando adiamos para o futuro o trabalho de compreender e perdoar o próximo. Estamos onde precisaríamos estar. E a vida diz, apenas, viva e deixe viver, porque todos aqueles que dizem perdoar o mal, mas que não conseguem esquecer a ofensa que receberam, não vivem, sobrevivem presos e amargurados.

Na vida espiritual a recomendação é esta para todos: “Perdão pode ser comparado à luz que o ofendido acende no caminho do ofensor. Por isso mesmo, perdoar, em qualquer situação, será sempre colaborar na vitória do amor, em apoio de nossa própria libertação para a vida imperecível”.²

Hoje a ciência está investigando o perdão, e os diversos estudos em andamento no campo da medicina e da psicologia apontam a influência das emoções na qualidade da saúde, e já avalia que perdoar é muito bom: esse exercício livra o corpo de substâncias tóxicas que fazem muito mal. Reflita, não é o que você deixa sair do seu corpo, ressentimentos, lágrimas, que te deixam doente, mas tudo aquilo que o aprisiona dentro de sua mente e afeta você, o seu coração.

ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO é diretor da Gráfica e Editora EME

1. Mariane Morisawa, O Globo, 06/05/2019

2. Emmanuel (Chico Xavier) – Aulas da vida / IDEAL