Progresso de leitura

De Emmanuel para os médiuns

Natural de Fortaleza (CE), LUIZ GONZAGA PINHEIRO é Licenciado em Ciências pela Universidade Estadual do Ceará e formado em Engenharia pela Universidade Federal do mesmo Estado.

Conheceu o espiritismo na adolescência por pura curiosidade sobre as atividades de uma casa espírita.

Palestrante e doutrinador, hoje possui mais de 20 livros publicados. É sobre o mais recente, De Emmanuel para os Médiuns, que Luiz Gonzaga nos fala nesta entrevista. Confira:

Qual a principal motivação para escrever De Emmanuel para os Médiuns?

Eu sempre trabalhei na área mediúnica. Senti na pele as dificuldades dos médiuns e doutrinadores ainda muito jovem e comecei a pesquisar autores que poderiam me auxiliar no desempenho da minha função de educador. Errar menos para com os mentores e enfermos endereçados às reuniões que dirigia, era meu objetivo. Não resta nenhuma dúvida em minha mente que os melhores professores neste tema, a mediunidade, são Kardec e Emmanuel. Por isso toda a minha obra está embasada em ambos. Portanto, minha motivação ao escrever este livro é auxiliar médiuns iniciantes, pesquisadores e simpatizantes deste tema, com a sabedoria destes mestres.

Há mais de 50 anos que você estuda a mediunidade. Por que este interesse pelo assunto?

Desde os primeiros passos nesta vida sempre tive interesse em saber como seria o após a morte. Meu pai me mandava para a igreja e eu desviava o caminho para discutir o assunto na mocidade espírita Mário Rocha. Foi lá que comecei a doutrinar com menos de vinte anos de idade. Um doutrinador deve procurar saber o máximo sobre mediunidade, pois é sua área de atuação.

Como você definiria mediunidade?

Fico com a definição de Emmanuel exposta no início do livro, O Consolador:  A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra.

Qual o tipo de mediunidade que você considera a mais interessante?

Não existe mediunidade sem importância. Os dons de Deus têm diferentes utilidades, mas iguais importâncias dentro do contexto de uma reunião mediúnica. Logicamente existem aquelas mais acionadas pelas exigências do momento, mesmo assim, auxiliadas pelas demais. Uma boa comparação que se faz nesse campo é a de uma orquestra sinfônica com a reunião mediúnica, quando se observa que, neste caso, todos os instrumentos são úteis e necessários para a boa harmonia do conjunto.

Em De Emmanuel para os Médiuns você aborda diversos temas ligados à mediunidade. Qual o que mais lhe atrai, qual o seu maior objeto de estudo e por quê?

A mediunidade está relacionada com tudo em nossa vida. Essa generalidade ou universalidade nos permite um imenso campo de pesquisa e de aprendizagem. No Espiritismo o meu maior campo de pesquisa é a mediunidade. Poderíamos estudar doutrinação, obsessão, comunicação mediúnica, perispírito, desobsessão, reencarnação … sem dominar o quanto possa, tal universo? O Espiritismo tem suas partes dependentes das demais. Começamos estudando um tema e sem notar vamos invadindo outros.

Entre os assuntos você fala, por exemplo, sobre mistificação. Qual o perigo da mistificação no exercício da mediunidade?

Verdade. Digo, inclusive, que o médium que não estuda é médium mistificado. O mundo espiritual está repleto de enganadores. Daí a importância do estudo para refutar tais personagens. Mas o doutrinador deve saber que em uma comunicação na qual, após estudo sério fica comprovada a mistificação, o mistificador, no caso, foi o comunicante e não o médium. Este foi apenas invigilante.

Allan Kardec destrincha a mediunidade em O livro dos médiuns. Por que usar Emmanuel para desenvolver o tema? Qual o diferencial que o leitor encontra em seu livro, neste caso?

É verdade que Kardec fez longas pesquisas sobre a mediunidade. Todavia “O Livro dos Médiuns” assusta os iniciantes. Emmanuel desdobra, o tema, relaciona-o com a vida cotidiana, desce ao nível do aprendiz como um bom professor desce ao nível do aluno em seus exemplos com a finalidade de ajudá-lo na compreensão do tema. É como um bom palestrante que antes de proferir a palestra se informa sobre o nível de entendimento do seu público a fim de não sair deixando os ouvintes cheios de dúvidas. Se não fosse assim, o próprio Emmanuel teria feito um trabalho inócuo.

Hoje em dia muitas vozes do movimento espírita se levantam para criticar Emmanuel, considerando-o um espírito “pseudossábio”. Como você analisa tais críticas?

Pessoalmente nunca escutei tal crítica. E se a escutasse a refutaria de imediato considerando o seu emissor imensamente necessitado de estudo. Existem os que criticam Kardec, Jesus e outros missionários, quando, em verdade, deveriam criticar a si próprios, pois quem critica alguém tem obrigação de fazer melhor do que aquele a quem critica.

Em um dos capítulos de De Emmanuel para os Médiuns você trata da “preparação mediúnica”. Existe alguma “fórmula” para estimular o desenvolvimento da mediunidade?

O conhecimento. Quem conhece o Espiritismo, geralmente se apaixona por ele. Neste mundo o conhecimento, riqueza que nunca se perde, é um dos três caminhos seguros que nos levam à elevação espiritual. Os outros dois são: o autoconhecimento e a prática do bem.

O predicado mediúnico depende da religião e do modo de vida do médium?

Independente de rótulos religiosos, mas depende de maneira radical do modo de vida, pois é do estilo de vida que somamos a nós as companhias espirituais.

O médium, para adquirir seus predicados, depende de seus conhecimentos? Neste caso, então não seria imprescindível o conhecimento espírita?

O conhecimento que chamamos espírita foi selecionado por Kardec e retirado de onde? O conhecimento é universal. Pertence a todos. Os maus espíritos, também estudam e dominam técnicas que chamamos espíritas, mas elas existem desde antes do Espiritismo. O conhecimento pertence a todos que se esforçam para obtê-lo, seja do que chamamos de budista, católico, espírita ou outro rótulo qualquer. São apenas rótulos e rótulos, não salvam. Mas apesar desses argumentos o espírita, em tese, tem mais facilidade devido estar familiarizado com um conhecimento que faz parte do seu cotidiano. Todavia, após o desencarne, de volta ao mundo espiritual, ninguém valoriza seu rótulo, mas o bem que você fez.

Qual o maior risco de se desenvolver atributos mediúnicos em quem não tenha conhecimento do assunto?

 A falta de proteção espiritual. O médium com o conhecimento na mente e o evangelho no coração sempre será um vencedor nas suas tarefas.

Até onde vai a responsabilidade do médium se ele não tem domínio do que seja o mecanismo de sua faculdade?

Sua responsabilidade incluiu o estudo de sua faculdade e a busca de um centro espírita que o auxilie. Hoje o espiritismo está muito generalizado havendo, praticamente, uma dessas estações de luz em cada bairro. Além do mais, mediunidade é algo tão sério que dificilmente não seria programada e auxiliada na sua eclosão por amigos espirituais participantes do planejamento que antecede a reencarnação.

Você participa e trabalha há anos em reuniões mediúnicas. Como deve ser o dia de trabalho de um médium antes das atividades na Casa Espírita?

Normal no que tange às obrigações materiais. Mas incluída nesta normalidade deve estar o vigiai e orai aconselhado por Jesus.

Se a moral do médium pode por vezes interferir no trabalho mediúnico, pode também o trabalho mediúnico interferir na formação moral do médium?

Sim. O exemplo, o heroísmo, a honestidade, a disciplina e a honradez de nossos mentores nos comovem e nos incentivam a segui-los ou, pelos menos, não os decepcionar. Daí buscamos forças em Deus e em nós mesmos para não falharmos em nossas tarefas.

É suficiente como proteção o grupo mediúnico estar com boas intenções?

Não. Emmanuel é muito enfático quando diz que o primeiro passo do médium em sua tarefa é evangelizar a si próprio a fim de não cair nas armadilhas do personalismo.

Em linhas gerais, o que o leitor vai encontrar em De Emmanuel para os Médiuns? Faça-nos uma resenha para que conheçam o conteúdo geral do livro.

O leitor encontrará roteiro seguro para o desenvolvimento e desempenho da sua mediunidade. Trilhará sem medo de armadilhas pelos caminhos teóricos das comunicações com espíritos, da obsessão, da desobsessão, da fascinação e outros subconjuntos da mediunidade com Jesus. Estará apto, desde que se esforce para tanto, a ser mediador ou ouvinte dos espíritos que lutam ao lado da luz para que a vitória do Bem reine soberana sobre a Terra. Mas tudo isso só vem com o esforço abençoado de cada dia.

E que mensagem deixaria para quem nos lê, agora?

Lembra do que eu disse alhures? Nosso caminho sobre a Terra passa por essas três vertentes: autoconhecimento, conhecimento e prática do bem. Espero que todos tenham uma boa leitura e uma excelente prática.