Progresso de leitura

Sim, a morte de jovens não é aceita por pais, família, amigos e pela sociedade, pois o sonho dos pais é envelhecer para depois se despedir dos filhos, esperando fazer essa viagem antes deles.

Em julho/2018 na cidade de Capivari, tivemos duas mortes de jovens, rapazes com menos de 30 anos em acidente de moto.

A pergunta que não cala nessas situações é: por quê? Jovens saudáveis e em plena força de trabalho e de relacionamento vão embora da Terra, enquanto outros, velhos e enfermos, permanecem por muito tempo sem condições de saúde?

A resposta é bem simples. Porque a morte não existe, o que existe é apenas vida. Aqueles que amamos não partem para longe de nós, apenas deixam a veste física do corpo, mas permanecem na dimensão da Vida Espiritual, estação de onde todos nós viemos um dia.

Serenidade, confiança e esperança – eis a recomendação sábia de Jesus. Nosso pensamento de fé pode ser um alento para aqueles que se foram. Nossas dores e revoltas só podem causam mais sofrimentos onde se encontram em recuperação.

É que eles tomaram o trem antes de nós, mas dia chegará que partiremos também e o reencontro será muito feliz. Que nos comportemos bem e de forma sábia nessa preparação da nossa “mala” de viagem para o Além, com ética, religiosidade e boas ações.

Mas você sabia que o Brasil mata 82 jovens por dia? É uma guerra silenciosa onde 4 jovens são assassinados por hora.

Segundo a base brasileira da Anistia Internacional, em seus últimos levantamentos, 56 mil pessoas foram assassinadas em solo brasileiro em 2012, sendo 30 mil jovens, entre eles, 77% negros. Esses índices são resultado de uma política de criminalização da pobreza, e da indiferença da sociedade em relação a esse “genocídio silencioso” que muitas vezes fica impune, de acordo com o diretor Atila Roque.

No mundo, o suicídio acomete mais de 800 mil pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É a segunda causa de morte no planeta entre jovens de 15 a 29 anos — a primeira é a violência. Já no Brasil, em 2015, o suicídio foi a quarta causa de morte nessa mesma faixa etária, ficando atrás de violência e acidente de trânsito, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.

Nossa sociedade não está preparada e educada para a morte e nem para preservar a vida de nossos jovens. As desigualdades sociais são gritantes e as oportunidades de educação, trabalho, moradia e saúde são flagrantes. A educação, o respeito à dignidade humana e a valorização do ser precisam ser urgentemente despertados nos corações brasileiros. Se as pessoas estão doentes, sua sociedade será também doente.

É necessário tratar o problema em sua raiz, em sua causa. Precisamos de pessoas mais fraternas, sábias, competentes e éticas. Infelizmente, as notícias e provas que vemos hoje sobre as pessoas que estão na direção do Brasil não atestam que sejam pessoas honestas e de bem (o ex-presidente e a ex-presidente e os presidentes da Câmara e do Senado brasileiro estão todos sendo investigados por corrupção do bem público).

Mas tudo tem um começo e um fim.

Para aqueles que fazem o bem, o retorno desse bem que fizeram; para os que fazem o mal ou se locupletam com o bem alheio, também o retorno do que fizeram.

 

 

ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO é bacharel em direito com especialização em dependência química pela USP/SP/GREA e editor da Editora EME