A família precisa de ajuda? Toda família precisa de ajuda e em diversas áreas do conhecimento. Porque casamento não vem com regulamento, apenas promessa de “amar até que a morte os separe”. E os filhos não vêm com manual de condução – cada casal usa o que aprendeu com os próprios pais e com a vida.
E agora os tempos são outros, e os costumes se modificaram e diversificaram muito. É viver e aprender. A cada etapa superada é necessário se preparar porque a nova etapa é sempre mais difícil – não sabemos ainda como resolvê-la; aquelas que já aprendemos viraram rotina.
E uma lição que precisamos aprender – e somente com educação moral e espiritual é que vamos conquistar – é fazer o desligamento emocional e material, com amor, das coisas, das pessoas e da vida.
Insegurança familiar
De quem é a vontade? De quem é a felicidade? De quem é a paz e a serenidade? De quem é a esperança e confiança espiritual? É nossa ou de nossos familiares. Se é nossa, não deixemos que usurpem, que nos roubem a paz, a harmonia, a confiança. Sim, por mais que eles (familiares) tentem nos desarmonizar e tumultuar nossa vida, mantenhamos o equilíbrio; somente nós podemos nos perturbar. Alguém da família, ou não, só vai nos irritar ou ofender se nós permitirmos, quer dizer, se aceitarmos.
Essa insegurança em relação à família atinge a todos no lar.
Codependência
Uma das dificuldades que sempre atingiu as famílias, agora em maior proporção, pela industrialização das drogas e do álcool, é a doença da adicção e do alcoolismo, para o usuário, e da codependência para a família (a doença do controle). Os codependentes são aqueles que vivem em função dos outros, fazendo destes a razão de sua felicidade e bem-estar.
São pessoas que têm baixa autoestima e intenso sentimento de culpa. Vivem tentando “ajudar” outras pessoas, esquecendo, na maior parte do tempo, de viver a própria vida, entre outras atitudes de auto anulação.
O que vai caracterizar o doente de codependência é o grau de negligenciamento de sua própria vida em função do outro, bem como os comportamentos insanos que advêm dessa preocupação exagerada com o outro.
A codependência também pode ser fatal, causando morte por depressão, suicídio, assassinato, fibromialgia, câncer e outros. Embora não haja nas certidões de óbito o termo “codependência”, muitas vezes ela é o agente desencadeante de doenças muito sérias.
Aceitando o problema
Mas pode-se reverter este quadro, adotando-se comportamentos mais saudáveis. Os profissionais apontam que o primeiro passo em direção à mudança é tomar consciência (de que isso é uma doença).
E aceitar o problema (Muitas famílias têm o problema. Então seria não negar ou subestimar o problema.)
No belo filme A corrente do bem, o menino Trevor vive um drama com os pais que são dependentes químicos. Depois que o pai vai preso, ele tenta fazer com que a mãe não beba em casa, jogando na pia o conteúdo das garrafas de bebidas. A doença da codependência não tem idade para se desenvolver.
E a mãe, Arlene, tenta esconder as garrafas em lugares que a criança não alcance, como em cima do lustre ou dentro da máquina de lavar roupa.
Coisas incríveis que o vício leva a pessoa a fazer.
ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO é bacharel em direito com especialização em dependência química pela USP-SP/GREA