ENTREVISTA – MÔNICA AGUIEIRAS CORTAT

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Progresso de leitura

Natural de Vitória (ES) e residente em Florianópolis (SC), Mônica é autora de sucessos como Cora do meu coração, Quando vier o perdão, Passos de um gigante, A última dança e Espelho d’água (todos publicados pela EME). Após este último, Ariel, Guia espiritual da autora, informou a ela que eles iriam ao umbral resgatar um suicida. Nascia Nas trilhas do umbral, uma trilogia que chega ao final com uma reviravolta surpreendente. Para saber mais sobre este novo romance, confira a entrevista a seguir:

Como foi a experiência de psicografar uma trilogia?

Foi uma experiência completamente diferente. É complicado explicar a pessoas de diferentes fé e crenças o que é psicografar um livro. Elas frequentemente te olham como se você fosse no mínimo excêntrica, mas, como eu nunca tive ganho financeiro com isso, ao menos não me creem com motivos escusos (minha missão exigia isso, nada contra médiuns que recebem pelos livros. Cada um sabe o trato que fez. E espalhar a palavra espírita, com os valores corretos, é sempre uma benção!).

Qual foi sua primeira reação ao receber a informação de que psicografaria uma série passada no umbral?

“Livros sobre suicidas” pensei a princípio. E em parte é verdade, há suicidas em cada um deles! Mas é tão mais que isso… . Eulália no primeiro, um parente próximo de Tobias no segundo e Fabrício no terceiro. Desde pequena eu escutava que os suicidas iam direto para o inferno, que não havia salvação para eles. No espiritismo minha avó me contava do horrendo Vale dos Suicidas, e é claro, que durante a vida, eu conheci alguns deles. E eram pessoas tão boas, em momentos tão desesperados! Ah, o preconceito que se cria com esses nossos irmãos que às vezes se perdem num ato de desvario! A eternidade é tempo demais para qualquer punição…

Chegou a pensar em recusar?

Obediente para com meu mentor (Ariel), aceitei escrever sobre as suas experiências no Umbral, muito embora não me atraísse lugar tão pesado. Ele riu-se muito comigo, e me disse que eu não me arrependeria. E, logo no primeiro livro, ele me deu uma tal descrição do Umbral, de seu tamanho, da energia, dos meios de locomoção e dos habitantes que ia encontrando que me encheu de deslumbramento.

Que momentos da trilogia mais mexeram com seu ser?

A história da moça Eulália, a forma de agir da pequena e iluminada Olívia, vinda de esferas mais altas que a nossa Colônia, a presença de Deus no coração humano, me encheram de esperança e fé.

Que lições Nas trilhas do umbral deixa para você?

Neste livro aprendi coisas importantes: os iguais se atraem no campo espiritual, a culpa é um verdugo implacável e o preconceito que os pobres financeiramente sofrem pela Terra, quando encarnados! As pessoas dizem que os tempos pioraram mas, na história de Eulália, como fez diferença o dinheiro justamente dentro de um convento, entre as moças pagantes e as não pagantes, no destino delas!

Você teria algum livro favorito entre os desta trilogia?

Tobias (o segundo da série). Na história dele presenciamos o que se passa em um espírito bom, evoluído, de moral elevada, quando ele decide ficar na Terra para proteger sua amada. É a história de um homem que opta por ficar entre os vivos se privando do ambiente de paz da Colônia por conta do amor pela sua família, e foi um dos romances que mais me emocionou até hoje. Acha o assassino, quando escapa das prisões da Terra, que realmente está livre? Que preço paga o egoísta que vive para explorar o próximo? Pode um bom espírito quase se tornar um obsessor por puro desespero?  Aprendi muito com ele, o belo negro Tobias, e sua linda esposa Flávia. Chorei, ri, e me emocionei com a história do menino Daniel.

O que esperar deste terceiro livro da série Nas trilhas do umbral?

E então finalmente, encontramos Fabrício, bem no meio de uma Vila, que parece ter saído do fim do século 19. Numa clareira, terreno mais arenoso… casinhas com uma lavoura pequena e pobre, um rio cortando as construções pequenas e humildes e uma igrejinha no meio de tudo! Pobre, simples e escura, mas com sólidos bancos de madeira e um Pastor que parecia de origem alemã, de nome alemão, mas que falava a nossa língua perfeitamente. Só que Fabrício não era bem-vindo na Vila… e nem estava lá de livre e espontânea vontade! E junto com ele estavam outros, com suas histórias – e era cada história!

Ao encerrar Nas trilhas do umbral como você analisa a trilogia?

Enfim… nunca foram livros apenas sobre suicidas. Dezenas de outras histórias foram sendo contadas. O último, então, discorre sobre os mais diversos temas! Eles podem ser lidos separados, visto que cada um tem uma história particular, de um espírito diferente, mas lidos juntos ficam bem interessantes. No final foi como se um gigantesco quebra-cabeça se montasse e eu pude notar coisas particulares: o temperamento doce de Clara, a humanidade incrível de Ariel, e a sabedoria inata de Olívia, escondida naquela aparência de menina de 10 anos, franzina de cabelos cacheados e brilhantes caindo pelo meio das costas. Eles se complementam, se divertem, nos fazem pensar, refletir… nos enchem de fé e esperança quando nos lembram que o nosso verdadeiro lar é lá, que estamos todos evoluindo, no meio de nossos tropeços e nossos acertos.