ENTREVISTA – CARLOS ALBERTO B COSTA

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Progresso de leitura

CARLOS ALBERTO BRAGA COSTA iniciou seus primeiros contatos com a doutrina espírita em 1987 frequentando o Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla e a União Espírita Mineira, onde despertou sua mediunidade. Escritor e expositor, fundou em 2008, com um grupo de amigos, a FEEAK Minas – Fraternidade de Estudos Espíritas Allan Kardec.

Nesta entrevista, Carlos Alberto fala sobre o livro Chico Xavier – Do calvário à redenção, obra que revela um Chico Xavier muito humano e seu compromisso com seus familiares. Confira:

O que o motivou a escrever a biografia Do calvário à redenção?

Sob o título Chico, diálogos e recordações, hoje saindo pela Editora Clarim, vivenciamos a enriquecedora experiência de registrar e publicar as memórias de Arnaldo Rocha, ligadas à vivência doutrinária de ambos, durante a qual se revelou extenso passado comum. A aceitação e difusão daquela obra favoreceu a aproximação de pessoas e, com isso, arregimentar fatos ligados ao médium Xavier. Amizades novas. Dentre muitas, Sidália Xavier, sobrinha de Chico. Com ela e seus familiares estabelecemos fortes laços.

Por que o título Do calvário À redenção, primeiro episódio, ‘Combatentes Pacíficos’?

O material resultante da pesquisa se apresentou rico e volumoso. Facilitar a compreensão para o público espírita e simpatizante das lições imortais, sem prejuízo de conteúdo, exigia fosse apresentado em formato agradável e, até mesmo, mais acessível. Assim, o primeiro volume condensa a narrativa da história e o segundo   — no prelo — enfeixará as cartas do espírito de Maria Xavier.

Por quanto tempo você estudou a vida de Chico Xavier?

A curiosidade pelas histórias envolvendo Chico foi despertada desde a infância, em família, até mesmo pelo fato de meu pai ser natural de Pedro Leopoldo. Ingressei no Espiritismo em 1987. No correr da vivência, junto ao movimento espírita, avolumou-se uma força interior —hoje compreendida como compromisso —, conduzindo à motivação pelo estudo da rica passagem do médium Xavier, no século 20, nas terras de Minas Gerais. Isto, de certa forma, me torna integrante da vasta fileira em que se juntam os seus biógrafos, o que é para mim uma imensa alegria.

Existem muitas biografias sobre Chico. Qual seria o diferencial de  Do calvário à redenção?

Como diferencial, entre tantos relatos sobre a vida de Chico, Este trabalho:

—Resgata importantes fatos, inéditos em sua grande maioria;

—Traz a lume boa parte do relacionamento com seus familiares, tanto em Pedro Leopoldo e Sabará, como em Uberaba;

—Reúne preciosas informações para a história do movimento espírita brasileiro;

—Através de diálogos leves, permeados de suaves emoções e alicerçados em documentos, constitui-se em obra que haverá de tocar muitos corações.

Qual sua principal fonte? Como foi a construção deste livro?

Sidália Xavier Silva, sobrinha de Chico Xavier, é a principal fonte. Forneceu documentos, fotos, relatos e entreteceu conosco diálogos que integram o corpo do trabalho. Importante ressaltar que considero Sidália uma “Guerreira do bem”. Como lhe ensinou sua mãe, Maria Xavier, dedicou toda sua reencarnação em prol do Espiritismo, na cidade de Sabará. Sua memória privilegiada permitiu trazer a lume fatos componentes de uma história bela, forte, abundante de revelações e pródiga de ensinamentos sobre a realidade do espírito imortal.

Como você conheceu a família de Chico?

Em 2004, Valéria Matarelli Calijorne, uma querida amiga, convidou-me a realizar uma palestra na Agremiação Espírita Casa do Caminho, na cidade de Sabará. Ali nasceu a bonita amizade com os Xavieres daquela comunidade.

Teve surpresas ao desenvolver este livro? Algum tipo de obstáculo ético ou espiritual ao tratar dos assuntos abordados no livro?

A jornada começou em 2012. Implicou em reunir documentos e trabalhar com memória viva. Emoções, incertezas, uma aventura. Paralelamente, o ambiente espiritual formado em volta do assunto: Bênçãos, em certos momentos; em outros, calvário para os envolvidos, estivessem encarnados ou desencarnados.

Além de Chico, que outra figura se destaca neste livro?

O destaque cabe à família e à figura de Maria da Conceição Xavier, focalizando seus esforços na causa do bem. Trata-se da desconhecida irmã, justamente aquela que protagonizou situações que levaram o então jovem Chico a tomar contato com a Doutrina Espírita, nos idos de maio de 1927. Ele que a idolatrou por toda a vida, veio a chorar sua morte, junto aos familiares, em 1981.

Fato extraordinário, o livro, no segundo episódio (no prelo), apresenta ainda o retorno de Maria Xavier, espírito, vindo consolar os familiares. Psicografias até então inéditas retratam a realidade encontrada após a trágica desencarnação. Verdadeiras aulas de Doutrina Espírita enaltecem as graves responsabilidades que, no proscênio terrestre, assumimos perante a imortalidade.

Com respeito e ponderação são analisadas questões relativas ao ‘processo’ em que Amaury Pena, sobrinho do médium e filho de Maria, se viu envolvido, as quais muito contribuíram para que Chico transferisse residência para Uberaba, em 1959.

Por estes aspectos, ao recontar em bases sólidas fatos que esclarecem muitos pontos que restaram guardados na gaveta do esquecimento, o livro pode ser considerado um resgate histórico.

Qual a importância da família de Chico em seu mandato mediúnico?

Esta pergunta nos remete ao passado; ao recuado ano de 1915, quando desencarna Maria de São João de Deus; quando os filhos do viúvo João Cândido Xavier estiveram separados. Aconteceu de, aos 5 anos de idade, Chico ser deixado aos cuidados de sua madrinha, Dª Rita de Cássia Felizardo e de, passado um curto período, mediante novas núpcias do pai, surgir Cidália Batista que, reunindo novamente a todos veio trazer de volta a felicidade, merecendo a consideração de ser ‘um anjo’ na vida do clã Xavier. Na sequência da vida, atingimos o ano de 1931. Enfermada gravemente, a segunda mãe dos jovens, no leito de morte suplica ao Chico: “eu cuidei dos filhos de tua mãe, agora te peço cuidar dos teus irmãos. A tarefa é tua meu querido menino”.

Tarefa dada, missão acolhida de bom grado. Com seu calvário pessoal Chico a levou até o fim; até que, junto ao altar, vendo casar-se Lucília, sua última irmã, se dá conta de que cumprira o que prometeu à segunda mãe. Só então, ao iniciar o mês de janeiro de 1959, a duras penas, aceitou mudar-se de Pedro Leopoldo, rumando a Uberaba.

Chico Xavier, com penhor e louvor, realizou uma das mais importantes tarefas que o ser abraça na jornada terrena. Agigantou-se por ter honrado sua missão junto àqueles que eram do seu ‘ninho’, a “família berço do seu destino”, parafraseando Emmanuel.

É fato tão importante que nos emociona. Aquele ambiente familiar, rico de amizade e de devotamento é o que também vem inspirar o título “Do Calvário à Redenção”.

Que lição (ou lições) a narrativa da família Xavier pode nos dar? Era uma família unida, por exemplo?

Do início ao fim a obra ressalta a importância da família, célula base da sociedade. Ao abraçar o Evangelho, por certo, a família dá a nota, o ritmo e a melodia para uma canção chamada amor. E um rico acervo de exemplos é o que ela tenciona apresentar. Em cada desafio cotidiano, familiares celebrando a vida.

Do Calvário à Redenção é um convite dirigido ao leitor: Entrar neste portal de luz para encontrar vidas acrisoladas no cadinho do trabalho, fortalecidas pelo ideal de fé, de amor e de fraternidade.

Sendo Maria Xavier suicida, por que Chico, seu irmão de sangue. sempre a tratou como um exemplo que ele buscava seguir?

A causa do suicídio é assunto desdobrado no livro. Seria de bom alvitre, e por isso peço vênia, não responder em poucas palavras como soe acontecer em uma entrevista como esta. As narrativas levarão o leitor por várias sendas, permitindo-o construir o próprio pensamento.

Em vários documentos íntimos, que em breve estarão à disposição do leitor, Chico enaltece o valor desta mulher, heroína do bem. Ela honrou e amou a família, desde sempre. Durante décadas lutou pelos desvalidos, como fez seu irmão. Ele em Uberaba e ela em Sabará, mas sempre unidos pelo coração.

Dois anos mais velha que o Chico, Maria Xavier foi sua irmã mais próxima. Ele próprio o afirma. Trocavam confidências, inclusive sobre os dons mediúnicos. Na intimidade da família recebeu o apelido de “Tiquinha” e foi por intermédio de sua mediunidade psicofônica que muitas mensagens da mãe chegaram ao jovem Chico. Fixou residência em Sabará após casar-se e consigo levou a causa espírita, tida como âncora de uma nova vida para o novo casal. Longe dos familiares e do irmão querido, deixados em Pedro Leopoldo, tornou-se uma ‘guerreira do bem’, ideal honrado até os últimos dias de sua vida.

Um erro?, um detalhe obscuro?… Em avançada idade, debilitada, comete o equívoco fatal. Fosse influenciada, fosse por decisão pessoal ela optou pelo ato infeliz. Por muito amar, perdeu-se no amor. Muito tempo se passou e pelo amor renovou-se.

Na vida encontramos situações que nos impactam profundamente. E nestes quase oito anos de pesquisas e reflexões em torno da Doutrina Espírita, de alma e coração confesso que Maria Xavier, Chico Xavier e Sidália levaram-me a reconsiderar minha visão sobre Espiritismo e sobre evolução espiritual.

“A exceção é que confirma a regra”. De minha parte, ao ver a obra pronta não me resta dúvida de que apenas começou o ‘meu calvário’. Vencer um preconceito criado junto a muitos espíritas: “todo aquele que se mata padece, sem possibilidades, no vale dos suicidas”. Uma sofisticada versão do inferno, sem volta.

Aproveito o ensejo para externar meus agradecimentos a Deus, pela oportunidade, à Editora EME que apostou no projeto, e à família Xavier por ter mudado muito a minha vida.

Afinal, Chico já deu algum sinal de vida após sua morte?

E, afinal, Chico já deu sinal de “vida” após a morte?

Adotando o critério ensinado por Allan Kardec, foi constatado através de comunicações, em várias oportunidades e por diferentes médiuns que, além de outros amigos espirituais, Chico Xavier e sua irmã Maria Xavier estiverem presentes na construção deste singelo esforço biográfico.

Me despeço com a saudação dos cristãos dos primeiros dias, Ave, Cristo!

 

 

 

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