DATAS PARA SEREM LEMBRADAS (E REFLETIDAS)

Flor-Inverno

Progresso de leitura

O Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.

Darcy Ribeiro (1922 – 1997), antropólogo, escritor e político

Além do Dia Internacional das Mulheres, março tem outras datas comemorativas importantes para se refletir e buscar resgatar vidas em nossa sociedade.

Vamos falar de algumas delas, como as comemorações que ocorrem no dia 25 de março, Dia Internacional da Solidariedade à Pessoa Detenta ou Desaparecida.

Realmente, o sistema prisional precisa estabelecer a educação e o emprego para que o preso possa também se aperfeiçoar enquanto cumpre a pena, indenizar suas vítimas e custear sua família.

Os desaparecidos (infantojuvenis, doentes e idosos) são casos que precisam ser tratados com prevenção, sobretudo evitando os abusos e maus-tratos.

Esse dia, 25, também é o Dia Nacional do Oficial de Justiça – que ninguém deseja ver por perto. Quando ele é anunciado muitos tremem de aflição, porque o juiz geralmente será severo, fazendo cumprir a lei – o Oficial é o notificador das intimações.

Temos, também em 25 de março, o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos.

Nós, que acreditamos em Jesus, que disse que “é necessário nascer de novo para alcançar o Reino dos Céus”, por certo estamos na lista dos impiedosos traficantes de pessoas ou senhores de latifúndios e engenhos que escravizaram os negros e também os índios – assim como muitos podem estar na lista dos escravizados.

O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna afirmou que “é muito difícil vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o dos privilegiados e o dos despossuídos”.

A maioria das pessoas estabelece datas especiais para manifestar o seu amor pelo outro. É o dia do aniversário, o natal, o aniversário de casamento, o dia dos namorados, da mulher, das mães e pais, que de certa forma se torna uma obrigação.

Se, pela educação, cultura e tradição, muitas vezes somos levados à ambição, paixão e egoísmo – que já trazemos dentro de nós –, é também pela educação ética e formação moral – mais que a escolar e a cultural –, que vamos desenvolver o amor, a fraternidade e o desprendimento.

Após milênios de idas e vindas no planeta, buscando o entendimento e vivência do código espiritual trazido por Jesus, mesmo diante das provas e adversidades iremos desabrochar como a flor que se destaca vencendo as agruras da seca e do inverno.

Demonstrar o amor é uma forma de deixar a vida transbordar dentro do próprio coração.

ARNALDO DIVO RODRIGUES DE CAMARGO é diretor da Gráfica e Editora EME