Progresso de leitura

Não se assuste. Essa pergunta não é para você. Tenho a certeza de que você ama, ou pelo menos simpatiza com, os nossos irmãos mais novos, os animais, eliminando do seu coração qualquer possibilidade de maltratá-los.

Entretanto, confesso que gostaria de fazer essa pergunta a cada pessoa que maltrata um animal, seja de que forma for: esquecendo-se de alimentá-los; deixando-os expostos ao Sol ou à chuva inclemente sem a vasilha de água ou a proteção adequada contra a água que desce da atmosfera; não fornecendo a medicação necessária, considerando que eles também são vítimas de muitos tipos de doenças, e algumas tão graves como no homem – como câncer, doenças autoimunes, diabetes, insuficiência renal, processos alérgicos violentos, entre tantas outras enfermidades dermatológicas.

Há também os maus-tratos daquelas pessoas que expulsam de sua casa as fêmeas que entraram no cio, como se isso fosse uma culpa ou um pecado delas, que apenas cumprem uma lei biológica, que nada mais é do que uma Lei de Deus. Lembram, os que assim procedem, os homens de há dois mil anos, os quais consideravam a mulher impura no ciclo menstrual que a natureza programa para o sexo feminino.

Há pessoas que abandonam insensivelmente um animal em local distante, como se desfazendo de um fardo insuportável – mas lembremos que ele não invadiu a casa para onde foi conduzido quando considerado útil (por exemplo, para o afeto do interessado) e de onde é descartado porque não serve mais, atrapalhando a quem serviu incondicionalmente. Ou pessoas que colocam em uma caixa – quando colocam – uma ninhada desses nossos irmãos mais novos, recém-nascidos, em um local ermo qualquer, esquecendo-se de que a consciência, parcela de Deus em nós, está sempre registrando tudo.

Isso quando não atiram o animal nas águas de um rio mais profundo, como se conseguissem enterrar uma atitude que fere as Leis de Amor do Universo.

Enfim, seja qual for a maldade cometida, gostaria de fazer esta pergunta: você é melhor do que Jesus?

Sim, porque o nosso mestre e senhor, nosso irmão mais velho, respeitou os animais, deles também se servindo. Na manjedoura fria, onde estavam presentes alguns animais, o hálito quente deles aqueceu o ambiente para Jesus recém-nascido! Quando José empreendeu a fuga para o Egito, conduzindo Maria sobre o dorso de um animal para escapar à ordem de Herodes – que mandara matar todas as crianças com idade inferior a dois anos –, o animal serviu a Jesus, a Maria, a José e a todos nós que recebemos a mensagem dele! Quando Jesus retornou a Jerusalém, onde foi ovacionado pelo povo, para ser crucificado dias depois, ele estava sobre o dorso de um animal!

De tal forma que essa pergunta deve ser direcionada a toda consciência que, de qualquer maneira, impõe sofrimento a esses seres mais novos da obra da Criação Divina! Se você, que me lê, conhece alguém assim, entregue a pergunta à consciência dessa pessoa. Não é preciso discutir nem brigar, apenas semear a verdade.

Quando Pilatos perguntou a Jesus o que era a verdade, este silenciou, porque sabia que o poderoso representante do império romano não estava preparado para entender qualquer explicação, por mais simples que fosse, sobre a verdade.

Mas, em relação aos animais, a doutrina espírita nos abre essa perspectiva, para conhecermos, de forma segura, a resposta.

Sem atritos, sem discussões, sem brigas: deposite a pergunta sobre Jesus na consciência daqueles que ainda não conseguem amar nossos irmãos mais novos. O nosso tempo, como espíritos imortais, é a eternidade – e um dia essa semente germinará. Cabe-nos semear a verdade que libertará aqueles que a desconhecem, convidando-os a reflexões mais profundas sobre todas as vidas que Deus criou.

Enquanto isso não acontece, continuemos fazendo a nossa parte, em nome do amor a esses irmãos mais novos, na certeza de que estamos no caminho correto.

RICARDO ORESTES FORNI em Os animais – nossos irmãos em evolução